Quando um velho amigo...

Quando um velho amigo fala, com sotaque etílico,

algo bem complicado e bastante ortodoxo,

observo ali um típico caso clínico

de um cérebro já debilitado pelo tóxico.

O amor,o medo, mesmo a tabela periódica,

ele tenta explicar tudo por funções matemáticas.

o mundo, então visto por essa nova ótica,

transfigura as minhas visões em coisas fantásticas.

"para o paraíso, ingira ácido lisérgico,

pois só ele faz um padre da mente mais cética"

declama assim seus versos com ar energético

_próprio daqueles de cultura enciclopédica.

e eu, ouvindo esta conversa esquizofrênica,

quando não entendia, pedia "faça uma mímica".

E ele me explicava, abusando da arte cênica,

que a vida é apenas uma reação química.