Pelas estradas ( com Frnando C Lima e Edimo Ginot)

 

 

Hoje a boléia e apenas uma mera lembrança,

do que foi minha vida transportando saudade.

Pelas estradas, onde meu bruto furioso varava,

pelas madrugadas que sonhei, quando criança.

 

Quantas vezes dormi pelas curvas do caminho,

desviando-me do perigo com a proteção divina.

Conduzindo meu bruto fugindo da ribanceira,

tão traiçoeira, como o sono e noites de neblina.

 

Hoje, vinte anos faz que, eu larguei a direção,

fugindo do asfalto, e, por me sentir cansado,

troquei o estradão, por uma vida mais segura.

 

Não sei se eu ganhei, ou perdi com esta decisão,

pois na madruga, acordo, sentindo que alguém,

diz a meu lado, amigo, quanta saudade de você.

 

Balneário dos prazeres: 03 / 02 / 2008

 

CAMIONEIRO

Tempos vividos tão emoldurados,
À vitrine do tempo pela frente,
Vontade de voltar sempre presente,
Curvas e retas fazendo traçados.

No sol ou nos invernos trespassados
Frio e calor no coração da gente,
Passou a vida muito de repente,
Ficou lembrança de sonhos passados.

Por sobre as rodas de um caminhão,
Olhos na estrada, mãos na direção.
Novo dia parece nova estréia.

Cada curva a curva da morena,
O mundo nos repete a mesma cena,
Vida vivida dentro da beléia.

Uma homenagem ao poeta VolneI.
Com meu abraço fraterno.


ferNando 29-01-08. jampa

 

Boléia

( para Volnei Braga


essa alma na boléia
deslizando pela estrada
vê a vida de outra forma
de uma forma lapidada

a vida através da estrada
nesta casa que tem rodas
tem um que de encantada
um viver que não tem cordas

o andar é tão intenso
e tanta coisa se aprende
que o poeta nasce imenso
pois a estrada não o prende

e assim nasce um poeta
que tem no amor sua verdade
e sempre sabe a rota certa
e o caminho da amizade

 

Edimo Ginot

 

Publicado no Recanto das Letras em 14/07/2006
Código do texto: T193723


MOTORISTA/POETA -
(UNINDO-ME À CARAVANA DO POETA VALNEI)

Engato a primeira, a segunda, a terceira,
a pista parece engolir a boléia.
Começo da vida uma nova epopéia,
correndo, subindo e descendo ladeira.

Não sei se deixei o dinheiro da feira.
Se os filhos beijei, não me vem mais idéia.
Um breque na curva. A batida. A platéia.
Três corpos prostrados da estrada na beira.

Reduzo na prima, refaço o traçado,
carrego a jamanta pra pista do lado
acendo os faróis, ligo o pisca da seta.

Retorno à direita. Com tempo marcado,
na quarta acelero, cumprindo o meu fado
de ser motorista – olvidando o poeta.


Odir - 05.02.08