ODE À AMIZADE

Procuro e não encontro modo algum,
não há como descrever, não sei nenhum...
Eu busco, mas não sei como dispor
modo certo de cantar um tal valor

do amigo, sempre um bem, algo querido.
Será a caça que deixou alguém ferido,
de onde terá surgido a velha história?
É no tempo que se grava a sua glória...

Num olhar, gratidão por uma ajuda,
perceber que num instante tudo muda.
Talvez nadar num rio, no mundo vasto,
ter noção que o tempo existe pra ser gasto,

sem saber da razão que nos complica,
pois o tempo é sempre o mesmo e não se estica...
Nessas horas perdidas do passado,
ficar noites ao relento de bom grado

à espera de que a presa se cansasse...
Foi assim entre os humanos esse enlace,
o que ainda não era o que ora é:
essa forma de se unir em boa fé.

É bom amigo, aquele de toda hora,
há de ser por isso o que se diz agora,
é aquele que a distância não separa.
O dom de um amigo é uma coisa rara.

Vale o amigo mais do que o tempo vale.
Que por ele nossa voz nunca se cale!
Bens reais, amizades enternecem
e são vitais à nossa alma, onde florescem.