"DISPOSIÇÃO"

Visto-me de cor e aço

Eu traço uma linha reta,

De desejo, de despejo do inconsciente,

Menciono tudo que me vêm à cabeça

Mas o tempo se recusa a mudar,

Devagar... Eu estranho a tua sutileza,

Tua nobreza me afeta...

Siga as setas até o desconhecido....

Cubro-me de sorrisos e lágrimas...

Dos pés à cabeça,

Da alegria à tristeza,

Do coração à realeza...

Mencione alguma coisa sobre o vento;

Da vida alheia; até sobre o deserto que nos rodeia...

Eu te recorto e te monto do meu jeito,

Te decoro em meu leito..

Mas o tempo se recusa a mudar,

Porque te amo, mas não queria amar...

Do vale do sol e da dor maior

Seria pior não existir, do que conferir a tua indecisão

A ignorância de nossa solidão...

A harmonia exata de meu coração....

Me perco nessa multidão... pessoas com as mesmas caras,

As mesmas falas, as mesmas roupas

As mesmas falsas auréolas

As mesmas células - mortas...

Nessa porta,

Só me resta você, mas você não me resta...

Meu sorriso é seu,

Meu sonho é seu,

Mas meu, nem eu sei...

Monocórdio pôr-do-sol, frio e calado,

Te poupo de minhas palavras

Te observo, plena em teus atos, te abraço...

Procuro me existir em tu,

Cru e nu, minha concordância é incerta

Deixo quase toda a minha mente aberta - alerta

A cada 'desa-frio' novo seu...

O tempo me obriga a mudar

Porque te amo, mas nem saberia como amar...

Meu frio é teu,

Meu relevo é teu...

[Me] ajude [ele] a mudar...