Escravos do Tempo

Escravos do Tempo

Não me adianta dizer que há tempo

Pois do pouco que vivemos

Nada restou

A minha farsa se chama memória

Porque se guardo tanta glória

O que dela restou?

Sabemos que são só retóricas

Uma palavra aberta;

Um amor

E quem chama em vão

Diz, amo-te, então,

Sabe que não são palavras

É silêncio em versos

Sendo vazio

Nada restou

Pergunta-me se lembrarei do passado

Digo-te, ó gosto amargo

Antes ser um córrego a um carregador

Além de mula; escravo

Somos também presenteados:

Filhos da dor

Vai então, carrega o tempo

Mas lembre-se que não há mais vento

As velas travaram; estagnamos no mar

E ao tocar o céu estrelado

Viramos; percebemos:

Nada restou.

Diego Guimarães Camargo
Enviado por Diego Guimarães Camargo em 26/05/2008
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