Amor

Em Noites Como Esta, Quero Falar de Amor

Em noites como esta, quero falar de amor

Espero o adormecer do concreto das ruas

O emudecer dos passos apressados

Aguardo que a voz das minhas mãos

Indique-me as confissões, as sendas

Em noites como esta, quero falar de amor

Desarquivo os gestos, os desejos, os desatinos

Invoco os abraços, os cheiros, os beijos despidos

Celebro-me e dou-me ao imprevisível

E a impaciência da minha pele que me enlaça

Em noites como esta, quero falar de amor

Faço as pazes com a lua, ponho a cama na varanda

Convoco os suspiros das estrelas, sei-me em delírios

Pinto a retina de gemidos, visto-me de arrepios

E de olhos semicerrados, descalço-me da espera

Em noites como esta, quero falar de amor

Escrevo em meu corpo, as propostas que silencias

E desafio o teu prazer, para que me leias em braile

Seguro-te as mãos, e entre afagos e afetos

Tatuas-me com teus sons que me dizem sim

Em noites como esta, quero falar de amor

Por isso, invento cores que meus olhos não vêem

E o sentir transcende, o entretanto do tempo

Sou água, néctar, aroma, sorrisos e carne

Quando me desfazes os novelos da saudade

Em noites como esta, quero falar de amor

Ponho na boca o gosto do mel, ofereço-me

Desato-me das hesitações e digo-me tua

Insinuo-te caminhos, deixo meu ardor em teus dedos

E sou propositadamente, medida inquieta em teu corpo...

© Fernanda Guimarães

Fernanda Guimarães
Enviado por Fernanda Guimarães em 02/06/2008
Reeditado em 25/08/2008
Código do texto: T1015827