Que som é este
Da voz melodiosamente mansa,
do beijo estralado e sublime
nos lábios fartos de cor púrpura,
do sussurro no ouvido
distraidamente perplexo,
do crepitar da chama
enleado no olhar extaseante e ardende,
de passos a entrar sem indícios e sem consentimento,
do pensamento que grita despudorado
e incita o corpo a arrepios?
que som é este
do relógio temporal a afastar
a alegria e entoar a canção da despedida?
De palavras silenciosas
embriagadas de faz de conta infantil,
da letra que rabisca a razão e o coração
num dueto fascinante?
Que som é este
de orgásticos abraços
comedidos e equidistantes?
Quiça o som do alerta,
vigilante à consciencia a propagar:
Rua sem saída?