Apesar de...

Apesar da dengue e da gripe
Da tuberculose, hepatite
Eu continuo de pé!
Apesar da fome e maus-tratos
Dos lixões e dos ratos
Eu vivo como Deus quer!
Apesar dos buracos infindos
Nas ruas e nos dentes
Eu continuo sorrindo!
Apesar dos barracos caindo
Nas quedas dos barrancos
Eu sigo aos trancos subindo!
Apesar das secas e enchentes
Da fila dos indigentes
Eu continuo cantando!
Apesar da saúde doente
Do povão sofrido e oprimido
Eu continuo fodido!
Apesar dos lucros biliardários
Dos bancos usurários
Eu continuo falido!
Apesar dos empresários salafrários
Dos políticos indecorosos
Eu continuo honesto!
Apesar da violência que impera
No tráfico e no tráfego
Eu vou escapando!
Apesar dos pesares
Tem carnaval, futebol
Praia com muito sol
Televisão no domingo
Bolsa, família, eleição
Imprensa livre e marrom
Tem todo tipo de culto
Tem homem e mulher de bem
Mas também tem puta e puto.
Apesar dos pesares
Se for tudo pelos ares
Eu 'tou pouco me lixando!
Apesar dos pesares
Das "sortes", dos "azares"
Eu continuo levando
Essa vidinha decente!





* Imagem. Kathe Kollwitz. Poverty. 1893-4.



Edmar Claudio
Enviado por Edmar Claudio em 18/06/2008
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