Conseqüências dum castelo de areia

Dar-me-ia um pouco mais de um sonho,

algo mais palpável do que poesia

e do que conflitos, menos enfadonho

para moldar-me apenas um só dia?

Porque o que bem me pareces

é que de um tudo que me ofereces

é apenas areia, rarefeita e rala,

para construir um pobre castelo na praia.

E eu tola em meio aos devaneios

ponho-me a manter as mãos na areia

deixo de mãos os meus anseios

e a construí-lo sou a primeira.

Depois de um tempo considerável

eis que a realidade vem bater-me a porta

e junto dela o olhar inimaginável

das rugas grotescas, agora tão expostas.

Até tive meio dedo de prosa com ela,

certamente ela me alertara antes

mas antigamente o que me era gritante

era o que não vinha da boca dela.

Hoje a minha maturidade,

que tardou em chegar,

faz sala à realidade

que me veio visitar...

E eu não sei o que fazer delas

pois mandam-me tirar as mãos da areia

e ousar sair desta quimera

antes que eu seja a derradeira!

E eu especulo, não sei se aceito ou se nego

pois quem quer destruir o seu castelo,

mesmo que o seu elo

seja material pobre de construção.

*poesia fictícia.

Camila Trideli
Enviado por Camila Trideli em 19/06/2008
Código do texto: T1042036