PROVAR E DIZER


Procura-se uma samambaia
A raia de seus ramos divididos
De maneira sempre igual
Numa exata progressão
Em que cada pequeno ramo
Conte a mim sobre ela mesma
E sobre a folhagem toda
E isso expresse a perfeição

Ou mesmo a pequena avenca
Em penca aumentando as folhas
Recortadas pelas hastes
Que vão crescendo e crescendo
Reproduzindo seus ramos
Em doce simplicidade
Sendo múltipla e completa
Sem perder a unidade

Procura-se um floco de neve
Breve a pairar no ar
Com sua imensa pureza
E a beleza inefável
O mais singelo entre as flores
Nevadas do céu sem fim

Pode ser um tinhorão
Profusão de traços róseos
No pergaminho das folhas
Em transparência e textura
Um contraste equilibrado
De vigor e suavidade

Procura-se uma galáxia
Sem falácia espiralada
Em incontáveis estrelas
A multiplicar seu brilho
Pelo espaço longe e perto
Uma luz que gera vida
E alimenta um universo

Servem também girassóis
Anzóis de ouro tão belos
Cujo miolo aparente
Consiste em replicação
De flores em espirais
E que estão sempre voltados
Para o astro que os atrai
Com seu mágico poder

Quem sabe amores-perfeitos
E o direito de estender-se
Canteiros em paralelas
Que se alcançam no infinito
Reduplicando seus pares
De pétalas irisadas
Expressar cor e conceito
De que és perfeito amor


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