SAPOS NA LAGOA

O que me diriam os safos,
Se eu dissesse que sem conhecer,
Apaixonei-me por um sapo.
Seria conto de fadas,
Fetiche despudorado,
Viagem lissérgica, ilusão,
Delírio ou fantasia?
Não, direi-vos eu.
É vero!
Empatia, amor e magia,
De todos os seres
Que fez Deus como seus súditos,
Ainda que conteste o preâmbulo,
Deus fêmea e musa,
Sou paixão incontida.
A auto-estima em baixa
Não me conduz ao embulo
Dos postulantes com pedigree.
No reino animal,
Se convocado fosse,
A apresentar currículo ou credencial
Para assumir laço matrimonial,
Não titubearia em aceitá-lo.
Ser o azarão correndo por fora
Contra o socialmente perfeito,
em se tratando de vil e desprezível anfíbio.
Declararia-me em sonora serenata,
Clamando permissão por pura ousadia,
Para ser no coro, seu solista.
Coaxar só pra ti minha querida,
um canto límpido em sua lagoa.


                                      
junho/2008