TEU CANTO

Não canto o amor que perdi

Muito menos o amor que partiu

Não canto nem mesmo o amor que platonicamente não tive

Vivido só e em silêncio

Desperto e morto sem deixar rastros

Canto o amor que vibra em mim todos os dias

Que corre por todas minhas veias

Entope minhas artérias

E ainda assim me sustenta viva

Canto o amor que existe

Que me beija a boca

As costas

A alma

E me arrepia os pêlos do braço

Canto o amor que sinto

Que até machuca algumas vezes

Mas que na maioria delas

E inclusive nelas

É só amor

Cada vez mais amor

Todinho amor

Canto o amor que respira ao meu lado no escuro

Que espera de mim sempre um pouco mais do que faço

Que me dá o que mal posso imaginar

Sonhos

Seus lindos sonhos

Canto o amor que me faz chorar

Por tanto transbordar

Por tanto sucumbir

Por ser tanto em mim o sopro

Por que cantaria os amores doídos?

Por que cantaria o que não foi?

O que deixou de ser?

O que nunca deveria ter sido?

Canto! Canto! Canto!

Canto o amor que sou

Que tenho

Que vivo

Que me enlaça as mãos

E as aperta forte.

Mulher de Sardas
Enviado por Mulher de Sardas em 01/02/2006
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