TANTO AMOR

Deslumbra-me com teu corpo

Que recorta o ar denso e viscoso

Em que mergulhamos na noite anterior...

Como se uma tesoura recortasse o tempo

E dentro dele surgisse como Vênus de vento

Tua explendorosa forma em marmóreo rubor...

Quando baixas os olhos e miras o chão da terra

Por estares avançada em altura muitas e muitas eras

É que estrelas te rodeiam a colorirem teus pés,

É que cometas rabiscam na matéria escura

Os fios que te cobrirão em vestimenta pura

De antigos raios de estrelas que se foram

E que ainda brilham por ti e ainda choram...

Cada objeto obcecado suspende os pés no infinito parado

E de cada um deles sai-lhe o que foi posto de vida em flor;

Cada um ali estanque vê o futuro, o presente e o passado,

E mira-te admirado por haver tanta beleza e em ti tanto amor.