Na Alvorada Dos Nossos Sentidos
Na alvorada dos nossos sentidos
Soa a melodia.
Daquelas teclas de piano rude,
Arrojado, forte e intocável.
Onde caem gotas do nosso suor
E lágrimas das nossas almas,
Perjuradas para sempre da sanidade.
Soam em uníssono,
Numa exaltação ofegante,
Nossas respirações, nossos gemidos
Nossos gritos enraivecidos!
E as lágrimas e as gotas de suor límpidas
Ardem agora em nós
Possuem-nos…
Asfixiam-nos…
Devoram-nos…
Num voltear estonteante
Nossos dedos percorrem caminhos intactos
Incendiados e incendiando
Nossas peles salgadas e humedecidas
Por nossos lábios esfomeados.
Os ânimos alteram-se:
O pianista enlouquece.
Saem dele,
Vozes loucas e exaltadas,
Choros de criança no auge da sua folia.
E o que ele e nós fazemos não é certo
(Assim dizem as doutrinas.
Quebremo-las então!
Se é isso que nos resta)
Tão pouco é errado!
Não há espaço racional aqui.
Apenas…
Apenas nós….