Nossos encontros
Seu corpo não aceitou o meu
Seu corpo esteve perto deu
E eu, estive perto desse corpo seu...
E nada aconteceu
E nada sucedeu...
Mesmo após o silêncio
Que de nós dois tomou
Toda a coragem, toda a malícia...
Ainda ficou a vontade, a fome.
Um dia, tremulamente
Iniciaremos tudo de novo
Você dormindo e eu te despindo
Com meus sagazes olhos e nervosas mãos.
Mas não sei se terei coragem de prosseguir
Quando tu de mim te apossares
E ávida de desejos, em minha boca seca
Mergulhares num mundo estranho...
Onde você circunda, maliciosamente
Com vontade de entrar.
E então serei consciência e farei o meu julgo
Mas não me importarei, pois a conseqüência
Dos nossos encontros é toda essa verdade...
Verdade que se traduz nos nossos momentos de medos...
Onde falamos mais cenicamente
Onde não omitimos nada, nada
Onde apenas o silêncio nos faz preservar a moral.
Vicente Freire
03/08/1984