Rosana (de tudo o que sinto)

Rosana

Fico louco, fico rouco de gritar em silêncio,

minha imaginação corre solta, em versos soltos e sem rima.

Teimo em fugir querendo ficar.

Me abrace, me beijei, me enlace

que esse dia desenlace o nosso despertar...

E o que me proponho? Alimentar seu desejo?

Invadir seu sonho? Acordar-te com um beijo?

Minha loba... olha a mão boba, olha o carinho íntimo,

esse carinho íntimo que dou a ti...

Quisera ser maior, quisera ser amplo, imenso, tenso,

com fúria, luxúria animal.

Mas não faz mal, sonhar é preciso e precioso

é divino e delicioso,

no sonho não corro perigo, por isso...

sonho contigo!

Se teus olhos se arregalam, me engambelam, me devoram,

me permito este apetite, a voracidade, a felicidade de sentir-me assim apetecível,

impossível conter-me, contar-te como estou pronto, no ponto para ser devorado,

de garfo e faca, com as mãos, de qualquer jeito que você quiser...

para não perder nenhum pedacinho, coma-me de colher!

Eu tento, tanto que tento que venho a te encantar

em prosa, em versos, em rosas, reversos da vontade de amar.

Sinto o que sinto, não minto, não tenho o cenho franzido só de pensar.

Tesão, tensão, tição de brasa a arder

teclo que teclo, que teço versos para te envolver.

Também não vou descarregar minha arma, minha alma, meu revólver,

me revolver em meio a conjecturas, escritas, escrituras, palavras tantas,

palavras tontas, palavras vãs, sem orgasmo literário,

temerário, imprudente, doce, envolvente, ardente, ai gente...

Se te pego de jeito, te puxo junto ao peito,

minha língua travessa te atravessa por inteiro

e não tem paradeiro nem fim de caminho

faço a cama em seu ninho e ali me deito,

me banho em teus humores, hormônios, suores,

e me rendo satisfeito se satisfeita estiver...

ai mulher!

Mauro Gouvêa

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