A cor roxa sobre a pele

A Bacante que há em mim deseja

a pele marcada por tuas mãos,

a boca tocada por teus lábios,

o corpo profanado pelo teu.

Há segredos no coração dela,

alguns esqueletos escondidos

no fundo do armário,

algumas angústias perambulando

pela casa vazia.

Mas o desejo persiste...

e ela silencia a pena.

O desejo insiste como apelo

irresistível da carne que

pretende ser tua, do beijo

que se quer teu, da face

que se faz vermelha e dolorida

pela vontade do toque

de tua mão.

Há um mosaico de cores

na parede branca que,

imaginariamente, reveste o espaço

também branco da alma.

(Justamente no momento em

que o jornal noticia sobre

o filme “Ensaio sobre a cegueira”,

adaptação do livro de Saramago,

ela reflete sobre cores).

A Bacante enquadra-se, por um

instante, na “treva branca” descrita

no romance, buscando tracejar

diante dos olhos a linha tênue

do erotismo refinado que

permeia a noite insone e

aquece o corpo desnudado.

Resumo do que a Bacante deseja:

A cor roxa sobre a pele.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 04/08/2008
Código do texto: T1113147
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