Poema na varanda

Na madrugada silenciosa, apenas

o movimento incessante do

relógio causa sobressaltos

à alma dorida.

Finjo que o tempo passa

longe de mim, enquanto

o pensamento divide em

horas meu desejo por você.

Talvez seja meramente o

reflexo de uma paixão

fugaz que o gosto do martini

deixou momentaneamente na boca.

Ainda consigo avaliar

os riscos, enquanto as

lágrimas percorrem

infinitamente o rosto.

Há resquícios de cinzas

no corpo outrora quente,

adormecido entre as brumas

do desejo incontido, na

proporção do sentimento

que, ferido, chora.

O poema na varanda transgride

o espaço da memória

e mancha no vermelho

da agonia tudo o

que dolorosamente sinto agora.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 04/08/2008
Código do texto: T1113149
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