Anjo ou formosa
Quem te fez assim tão pura
Numa tarde de desventura
Vagueando no meu pensamento
Arrebatando o sentimento
Uma aureola toda de luz
Que me fascina e seduz.
Dos teus lábios nascem beijos
Estremecendo em breves latejos
Surge a espontânea fada
Daquele amor vindo do nada
Vem gotejar sangue na palma da mão
Esperado martírio a que não digo não.
Fugiste de Deus, que te reclama
Te aprisionou anos em branda chama
Não mais voltas ao céu, oh formosa
Não quero ter mais a alma saudosa
Te protejo com meu mortal escudo
Faço o possível e o absurdo
Subornos são riquezas banais
Os teus olhos me dizem mais.
Aqui na terra todos te adoram
O sol brilha e as pedras choram
Para mim cantas, o céu te inspira
Numa canção meiga e sentida
Dou melodia em língua natal
Sei agora que és fundamental
Por ti sou e serei sempre fadado
A fé me diz que por ti sou amado.
miguel lopes