Concessão poética

Erato concedeu-me belos versos de

amor que escorrem de minhas

veias como se sangue fossem.

Quis, outrora, perder-me em

tuas veias, deleitar-me em tua

cama, degustar a maçã que me

oferecias como se Banquete fosse.

Adormeci os versos de Erato

no fundo de uma gaveta e

resgatei de minha inspiração

delícias poéticas com sabor

de Safo, outra poetisa,

e algumas nuances eróticas

permeadas por Sade.

Despi a fantasia de romântica

Colombina e trajei-me de

Bacante para te servir.

O Carnaval – a festa da carne – passou

e tu, ao contrário do que

prometeste, não vieste.

Nesse momento, em que o sangue

é transformado em verso,

tento resgatar das cinzas,

também do Carnaval, o resto que

de mim ainda resta para

não mais pensar em ti.

Concedo-me por um instante

que seja a desilusão de agora

na dor que sinto confranger-me

o peito e despeço-me poeticamente

da fantasia perdida entre os

últimos resquícios de

confetes e serpentinas.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 09/08/2008
Código do texto: T1120567
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