TRES OITAVAS DE UM AMOR



Ainda posso erguer o nosso espaço no laço,
Que se perdeu no teu horizonte sem o meu,
Arguindo sem sorte o caminho do compasso,
É vaso que causa prazo ao ocaso e não sofreu,
As dores sem amores que passo sem fracasso,
É traço na medida de um azo e sai um museu,
Apesar das lembranças é herança do cansaço,
Dos pedaços devassos no abraço que foi só teu.

Até o amanhecer me faz aquecer no esfregaço,
Da recordação virada em emoção, não perdeu,
A luz de lutar, atar e cantar inda tardio, eu faço,
Loucuras obscuras com branduras no teu apogeu,
São as melhores escrituras que poupam no amasso,
Infiltrado nos infirmes de tudo o que aconteceu,
Despejando no meu desconsolado e triste terraço,
Os anseios tardios da noite que outrora não venceu.

As amargas e largas desventuras desse percalço,
Que dói e brada no baleado que já me esqueceu,
Por isso e sem isso, não deixarei ir o meu pedaço,
Da mulheraça com raça, me faça ser somente teu,
O belo recôncavo que se abre sem qualquer rechaço,
Com linhas agudas que um dia o coração lá escreveu,
Sobrelevando ao auspício do tálamo já tão escasso,
Advindo em letras e versos o que na alma mereceu.




ERASMO SHALLKYTTON
Enviado por ERASMO SHALLKYTTON em 12/08/2008
Reeditado em 12/10/2011
Código do texto: T1124921
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