Novos poemas

Vagueio nas esquinas da noite

Olhando as janelas apagadas

Adormecido mundo, insone,

De tantas almas desamadas

Um latido de cão solitário,

Sobrepõe-se ao sino da igreja

Um corpo mexe-se sob o sudário

Permitindo-o que o entreveja

E as imagens surgem, de supetão,

Amalgamadas dentro de mim

Rebentando de exasperação

Ao imaginar teu corpo de cetim

Afinal és tu!

Tu que te mexes entre as sombras…

…naquela varanda alcandorada

Sobre o caminho que percorro

De uma rua vazia e empedrada

Em que me espreitas sem decoro

Peço então à primeira estrela,

Que passa por mim a brincar,

Que leve à tua varanda

A minha vontade de versejar

E tu sorris,

Sorris como só tu sabes sorrir

Convidando com o teu doce olhar

As minhas palavras a subir,

Permitindo-me em ti mergulhar

O resto foi poesia por detrás da lua

Espadachins de novas palavras

Que esgrimiram por entre a pele nua

Ideias jamais inventadas

E nasceu finalmente o sol

Por entre as frestas do nosso amar,

Campo de batalha, amarrotado lençol,

Tela imprevista para tanto ri(t)mar

Da loucura tinham nascido

Novos poemas, vagas sem fim,

Que por teres acontecido

Rebentaram finalmente em mim