FALCÃO
(Jaime Barboza)

Pode um imponente falcão,
em seu vôo soberbo, cair
nas garras de uma tempestade?
Pode uma gaivota alerta
ser supreendida pelo ataque
do feroz gavião?

Só ouso afirmar que
uma pequenina folha que rola
ao sabor dos ventos,
terminará sua viagem
cumprindo sua função na natureza.

O importante que se saiba, é que
nada é inútil, ou injusto.
A folha precisa que o vento a transporte;
a sutileza e a perspicácia da gaivota
são suas defesas naturais contra o ataque do gavião;
e o imponente e seguro vôo do falcão,
poderá livrá-lo da tempestade.

Pergunto-me: como poderei deixá-la
se você faz parte de mim?
Sou a frágil folha andante
que envolveu-se no solo a ser fertilizado,
sou aquela gaivota que escapou do gavião.
Quando serei o falcão adulto de vôo tranquilo?


Escrito em 25 de dezembro de 1971, com o título "RAZÕES", para a minha namorada, hoje esposa, Annelie.