Poema à um rapaz apaixonado....

Se a gente vivesse noutra era,

se nossos desejos nunca vivessem na espera,

sua eu seria um dia.

Nem um beijos nos lábios seus eu negaria,

nem os meus projetos iriam lhe excluir...

Mas, consigo, vivo a me entregar e trair

à metade, à uma parte que já não é minha,

de divisas separadas por uma forte linha

de querer e poder, de vivenciar e sonhar,

de aprender e ensinar e de receber e dar...

Se eu não tivesse em mim essa divisão,

aceitaria de bom grado à este amor em meu coração.

Mas meu erro foi, de distraída, brincar

com sentimentos que talvez demorassem a aflorar.

Mas, o que foi feito, já está aí feito.

A gente perde muito tempo brigando pelo direito

de sofrer por uma história nunca iniciada

e já prematuramente terminada.

O amor e a dor medidos não podem ser;

são sentimentos imensos (e intensos) só pelo viver.

O erro foi eu ter lhe deixado avançar;

ou será que foi deliberadamente lhe magoar?

Minh'alma é como um papel riscado,

com as marcas dos meus sonhos, do meu passado,

que, agora, foi dividido em dois.

Como vou deixar o tempo resolver por mim depois?

Ando tentando evitar metade de mim

por medo, dúvida, preocupação, prudência; enfim,

mas, principalmente, para lhe poupar

dessa loucura que é tentar me amar...

Hoje, sou duas partes, na sua imcompatibilidade

de pertencerem ao mesmo corpo, à mesma identidade.

Nada mais me pertence, ambas escaparam da minha mão

e correram, deixando abandonado e perdido um coração

que, agora, não sabe mais por quem bater...

Ah, meu rapaz, tenta me compreender...

O que buscas em mim, incompleto será

e, dentre os dois, o errado não existirá;

mas renunciar à você, é a melhor prova de amor que posso oferecer;

é a chance de você retornar a viver...

Thaís Soledade
Enviado por Thaís Soledade em 28/08/2008
Código do texto: T1150867
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