Declaração para acerto de contas
Amor,
nossa poesia foge tantas vezes...
e tantas vezes nos guardamos
em baús escuros e mofados
e esquecemos o sol e o mar.
Ainda há paixão
no meio de tantos livros
e tanta política?
Aceito as críticas sinceras,
e as autocríticas severas demais.
Quero no teu beijo
gosto de mel e jambo,
quero ver o tesão em teus olhos
quando morder os teus lábios
longe das razões e dúvidas.
Longe de mim a anatomia livresca
e a política burlesca
dos congressos estudantis.
Te quero como sempre quis,
Chega de auto controle,
quero o sexo pulsante,
latejante e com paixão.
Rio de Janeiro, 24 de novembro de 1985