Carinho
Carinho
Os dedos que correm nos cachos dourados
O beijo na face que cora carmim
Um rosto no rosto, tão simples assim
Um olho no olho c’os lábios selados
Dormindo de lado, acolhendo qual ninho
Sorrindo, brincando qual fosse menino
Feliz, com desvelo, te faço carinho
Com manhas, me esfrego qual fosse felino
Sem pêlos ou patas, arranho-te um pouco
E mordo de leve nas partes mais cheias
Lambendo nuns vãos, nos quais incendeias
Chupando a carne das tuas orelhas
E resto-me calmo, atento a tudo
No aguardo dos pêlos, que sempre se eriçam
Nas coxas maciças, que sempre me excitam
Do leve suspiro ao momento mais mudo
A unha pintada, o discreto perfume
O cheiro que exalas da língua molhada
Meu óleo que cura e imagem sagrada
Na tela pintada à luz do teu lume
E beijo teus pés, depois subo beijando
Pegando na parte que mais te agita
Mostrando, em meu corpo, o desejo clamando
O abrigo de carne que a língua perscruta
Pois nas minhas costas, tuas unhas se cravam
Sentindo os músculos que explodem convulsos
Na face, teus olhos em febre me assustam
Sorvendo minha boca, quebrando meus pulsos
Mas, quando te acalmas, me perco tocando
As partes do corpo que nele inda pulsam
Valsando c’os dedos na pele que auscultam
Fechando meus olhos, silente e orando
(Djalma Silveira)