Constelações.

Como duas peças raras de uma exótica coleção

Que perderam-se Mundo afora e além

Numa excursão louca através de séculos a fio

E encontram-se novamente unidas

Estamos nós, num ar cheio de eletricidade, mistério

E arrepio

Faíscas, fogos-fátuos nos olhos, num simples tato

Incêndio, a cidade queima e vira cinzas

E apenas nós permanecemos intactos

Ilesos, mas não satisfeitos, não ainda

Porque logo te vais e tudo se congela

Entristece e trinca

Sozinho alucino suas minúcias

Imagino-me despindo-te passo a passo, lento e ritmado

Feito jazz, um delicioso compasso improvisado

Descobrindo-te aos poucos, te inspirando volúpias

Desbravando teus caminhos, sentindo teu clima

Tua temperatura pernas acima

Traçando constelações desconhecidas em tua pele pintada

Enquanto sigo a espiral galáctica que me leva a seu centro

Quente, pulsante, sedento

E salivando posso sentir o aroma de vida, luxúria e

Perdição Divina, e denso quanto uma singularidade única

Penetro teu Universo adentro

Então atravessamos o Véu, unidos feito um ser

Jorrando estrelas pelos poros, por todo canto vazio

Preenchendo os céus com astros sem nome

Antes que tudo exploda num novo começo

Eu desperto sozinho, a cidade em chamas

Sentindo frio.

*Para Ella.