À Lua

Aí estás escondida em teu manto

Tal marmórea mulher envolta em pranto

Por que choras estrelas, minha amada,

Enquanto fulguras na noite prateada?

Que fazes solitária em tua grandeza

E em teu vôo partes espalhando beleza

Cercada dessa bruma, a ermo

No espaço, sem fim ou termo?

Durante o dia esqueço que existes

Mas a noite tua beleza triste

Invade meu peito com um lamento

E com teu silencio que é meu acalento.

Somente para mim foste criada

E te amarei com adoração velada

Até o dia que perto te verei

A enxugar as lágrimas que por ti chorei

Fiel a tua imagem serei a cada instante

E a cada passagem te cantarei vibrante

Para que minha dor seja menos intensa

Quando no céu estejas suspensa

Amo-te mais que à liberdade

Ajoelhando-me a teus pés (indefesa humildade)

Clamo a ti, perpétua deusa nua

Em patético tormento, cálida lua

Sê breve esta noite, fugitiva amada

Parta comigo pela madrugada

Para que outros a ti não alteiem a vós

E fiquemos os dois, enfim, a sós.

Ana Cristina Cattete Quevedo
Enviado por Ana Cristina Cattete Quevedo em 20/09/2008
Reeditado em 30/04/2009
Código do texto: T1187446
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