Pássaro Azul
Pássaro azul que decanta o meu prazer
Experimentastes todo o meu néctar
E agora esvoaça de minha gaiola.
Ainda hoje te vi, colorida de paz, tão linda
Trinando com seu biquinho
Cânticos que não eram seus.
Mas, seus olhos misteriosos, no fechar e abrir
Revelavam-me amor e sofrimento.
Deixo-te partir porque tu queres
Eu não fui feito para aprisionar ninguém.
Vá partindo pássaro meu
Para o infinito das suas loucuras
Vá de encontro ao Sol como fez Ícaro
E se tuas asas não suportarem o seu peso
Plane no embalar dos ventos, pra que ele de volta
Te leve à minha gaiola.
Vicente Freire
12/03/1986.