Partida Insólita

Deixo o meu jarro exposto

na estiagem do tempo,

nada mais tem sentido,

habitar uma vida seca,

minha fonte secou

ao longo do outono,

não existem mais frutos.

Em tempo de estações mortas,

Eu, sertanejo, procuro na aridez

do meu solo pobre,

as lágrimas que tanto derramei,

na espera de um lugar ao sol.

Não estou reclamando da invernada,

não quero ser a queimada do inverno,

nem ser os espinhos dos galhos apodrecido.

Meu cavalo já não bebe,

sente sede do amanhecer,

minha sela não tem mais o brilho,

das cavalgadas no sertão,

perdi o meu galope.

Meus crepúsculos,

foram todos diluídos na calada da noite,

não há mais as estrelas,

até o luar se esconde na neblina da madrugada.

Não sou mais a elite,

jagunço não sabe ler o vento,

mas sabe segui-lo quando ele sopra,

vou carregar a minha carroça,

partir em meio a uma fossa,

levando na bagagem, a lucidez dos meus sonhos.