Bolha de Orvalho

Bolha de Orvalho

Na fluida metamorfose das quimeras

Atomizados orvalhos de ilusões ficaram

Ceifados por fugazes opções

Em pardo crepúsculo

Deixei de banhar-me de emoções tão belas

Felicidade sutil momento

Tão minúscula, pobrezinha

Áurea ao mesmo tempo

Pueril, doce e sensual fragilmente

Que dias e noites tão intensas

Só na arquitetura do pensamento

Imperceptível, profundo e veloz

Alimentou-me dentro as rígidas células

Rejuvenesceu-me senti-me bela

Brotou também fora o sorriso

Há muito implodido em traspassado peito

Agora só, absorta em dúvidas

Rejeitada na inadequação ao tempo

Na perplexidade dos desafetos

Novamente os músculos se enrijecem

Nostalgia e solidão invadem-me

Viver? Morrer? Terrível dualismo se combatem

Sem mais lágrimas nos olhos

À contemplar o que não alcanço

Solto tudo ao ar

Poeira de confete e serpentina

Qual dia trôpego e arrependido

De desvarios nunca cometidos

Tento diluir fetichizando os fatos

Dissipando, fugindo alada

Torno a atmosfera asfixiante

Subtraio-me quase evaporada

Resguardando-me trêmula da neblina

Temendo outros desenganos

Medo da febre latente, voraz

Abrazar-me como outrora novamente

Força extra-terrena, paixão tamanha

Fogo fátuo, relíquias de sonhos

Desça das nuvens, aterrize

Ressuscitando-me numa outra primavera.

maria do socorro cardoso xavier
Enviado por maria do socorro cardoso xavier em 12/03/2006
Código do texto: T121991