Seu retrato de mim...

Reviro-me ao avesso, pra ver se mereço.

Os retratos que de mim fazes,

Com tanto cuidado e zelo e detalhes.

Esquivo-me, com medo que os retalhes

Em minúsculos pedaços,

E que no desespero,

Engula-os passo a passo,

Como com teus poemas faço...

No intuito de mais perto tê-lo,

E que este deserto, seja atravessado.

Devoro as paginas, com elas seu encanto,

Com seu encanto devoro as lágrimas deste manto,

Férreo e negro que me envolveu ao lê-las...

De todo pranto, restou só a saudade,

Ainda que ela não te conheça.

Nos pensamentos insanos, de minha cabeça,

Nas cansativas rimas que componho,

Tens um lugar absoluto, vasto e generoso.

Nos versos lerdos, vagarosos

Compostos em ritmo frenético.

Imposto, por minha própria angustia...

Não penses que o faço em contragosto,

É que o sofrimento de que a poesia se alimenta,

Consome os nervos e meu querer aumenta.

Em cada frase que em ti ressoa.

De tanto pensar, concretizo em pessoa,

O que da escrita, meu corpo não se contenta.

De tão desejosa, a mente tola não pensa

E possivelmente, ainda tenta.

Recriar tua face, na imaginação que voa.

Sejas o autor de meu sonhar lascivo,

Entregue a ti, por mim com todo gosto,

Mostrando se, varonil e sempre disposto,

A acrescentar mais um e outro motivo.

A este amor por ti mesmo composto e somente a ti atribuído...

Priscila Neves
Enviado por Priscila Neves em 16/10/2008
Reeditado em 27/03/2009
Código do texto: T1230920
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