amor de tolo

eu que já te fui, paixão,

cinqüenta por cento calado

vinte e cinco por cento amado

cem por cento solidão

vejo translúcida, transparente

esse amor matematicamente

ciência... ser abstração

nem se soma ou se multiplica

quiçá nem exatidão se aplica

a esta álgebra de “enjambração”

eu que já te fui, amor, ao cubo

raiz quadrada do ângulo reto

do quadrado, inexato, inquieto

degrau que não desço, nem subo

fui-te exponencialmente inverso

e até calculei este afã em verso

sobrou área, faltou adubo

eu que já te estive, paixão, tão perto,

um espaço virtual, milimétrico

não me fiz neuronal impulso elétrico

que te fizesse meu toque certo

e se filosofia química, sou-te substrato

a genética é falha, é fato abstrato

que nega a física do esperto

monge que ao fim leva-me errante

quilometricamente distante

em espaço abissal, entreaberto

ao contrário que deduzia

o ponto cego é o culpado

por tudo que te somei errado

na lógica surreal, vazia

da incógnita paixão

eis amor... alquimia!