Essência

Nosso corpo é matéria hirta

ora de cristal, ora de estrela;

quando desnudo de sentimentos, pedra brita

sem essência, sem beleza.

Meu corpo tal cristal virgem

comportava-se a tua espera, em agonia;

células quase mortas em simetria.

E lá fora do bar e do físico

os sentimentos dispersos e aflitos

aguardando-te em nua vertigem.

Tão logo tu te aproximas

toma-me um fogo de enormes labaredas.

Com teu sorriso largo, tu me iluminas,

matéria e essência transcendem-se-me em estrela.

Quão efêmero tempo durou, todavia,

naquele lugar, a luminescência,

o interstício apenas de tua presença.

Entretanto, se tu te vais, despertam em breus, os meus dias.

À tua anunciada despedida

quão sem vida,

fosco e oco

transfigura-se meu corpo,

sem valia, um mero objeto.

É que tu te apresentas a mim

ora demônio, ora querubim;

à luz dos dias, às noites escuras

passeias com desenvoltura

e toma-me o corpo, o espírito e o cérebro.

Cid Rodrigues Rubelita
Enviado por Cid Rodrigues Rubelita em 16/03/2006
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