ÚLTIMA ESTROFE

Por que será, formosa e terna poetisa,

que a sonhar eu passo a noite a contemplá-la?

Será teu corpo que ardente me escraviza

ou este olhar encantador que me avassala?

Por que será, obra-prima emoldurada,

que o bardo a vela assim qual um tesouro?

Será tua face em diamante esculturada

ou teus cabelos escorrendo em prata e ouro?

Por que será diáfana falena,

que tu alma atrai e fascina?

Será tua pele que exala açucena,

ou teu jeito incomum de menina?

Por que será, alva estrela deste céu,

que o trovador tu pões a cantar?

Será a Musa que te habita e vaga ao léu,

ou a ternura sem fim deste olhar?

Ah! Não sei! Não sei o porquê dos por quês!

Será tudo quimera ou vida passada?

Loucura será? Ilusão? Sonhos, talvez...

Por isso atenda esta estrofe amargurada:

Escute este canto sombrio,

aqueça-me em teu regaço, cubra-me o frio...

Solta as amarras do amor, desnuda o prazer!

Vem agora nesta noite enluarada,

quero inda uma vez fazer-te amada,

beijar-te a boca e depois morrer!

Nelson de Medeiros
Enviado por Nelson de Medeiros em 26/10/2008
Código do texto: T1249521
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