AQUELES QUE AMAM

Cantam comigo todos os amantes.

Porque amo, encontram-se em mim

e trocamos doces miudezas e as dores.

Falamos do caminho florido,

e das escadas a descer.

Sós e indefesos, tão iguais e sempre.

Os amantes tentam todos os ardis

e compram todas as flores da cidade

para fazer o seu amor sorrir.

Os amantes choram sob o lençol,

o mesmo, molhado de outras vertentes

que não olhos de ausência.

Os olhos, ah!

os olhos dos amantes são inúteis.

Cegue-nos e amaremos ainda e mais.

Os amantes sabem amar o nada, o ar

que o ser amado já aspirou ontem.

Os amantes sabem ver o amado que

não veio e talvez, nunca esteve em

nenhum lugar próximo.

Calem nossas vozes e amaremos mais.

Os amantes sem palavras são mais

eloquentes e criam suavidades

para encantar o seu amado.

Os amantes nada querem

e de nada precisam, a não ser

a certeza do existir do ser amado.

Só.

Saramar Mendes

Saramar
Enviado por Saramar em 19/03/2006
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