†† DÁDIVA SUPREMA ††
Já caminhei por lindos jardins,
Com minha amada ao meu lado;
Já colhi belos buquês de jasmins,
Sendo das más sensações curado.
Já me banhei debaixo da chuva,
E senti-a correr bela pelo corpo;
Dias quentes e macios como luva,
Sem nenhuma espécie de estorvo.
Já pernoitei sozinho pelas ruas,
Em meus momentos de reflexão;
Noites aprazíveis, lascivas e nuas;
Com todas me deliciei no coração.
Já olhei os astros no imenso céu,
Uma obra tão digna e majestosa;
Sonhava longe da realidade cruel,
Evitando tal praga tão perniciosa.
Já adejei como o falcão noturno,
Que abre amplamente suas asas;
E tão suntuoso como o sol diurno,
Alastrando luz por todas as casas.
Já naveguei na utopia do amor,
Maquinando na mente o futuro;
Evadindo-me da tristeza e da dor,
Que me torna um templo obscuro.
Já freqüentei círculos da morte,
Em prol daqueles que pereciam;
Causei muitas variações na sorte,
Acudi os que em lamúria ardiam.
Já chorei por meus difamadores,
Enquanto procurava socorrê-los;
Por eles já agüentei muitas dores,
Para do finar em fogo guardá-los.
Mas de nada me aproveitaria,
Se em tudo não existisse amor;
Pois quem é o que se alegraria,
Exercendo com apatia ou dor?