†† DÁDIVA SUPREMA ††

Já caminhei por lindos jardins,

Com minha amada ao meu lado;

Já colhi belos buquês de jasmins,

Sendo das más sensações curado.

Já me banhei debaixo da chuva,

E senti-a correr bela pelo corpo;

Dias quentes e macios como luva,

Sem nenhuma espécie de estorvo.

Já pernoitei sozinho pelas ruas,

Em meus momentos de reflexão;

Noites aprazíveis, lascivas e nuas;

Com todas me deliciei no coração.

Já olhei os astros no imenso céu,

Uma obra tão digna e majestosa;

Sonhava longe da realidade cruel,

Evitando tal praga tão perniciosa.

Já adejei como o falcão noturno,

Que abre amplamente suas asas;

E tão suntuoso como o sol diurno,

Alastrando luz por todas as casas.

Já naveguei na utopia do amor,

Maquinando na mente o futuro;

Evadindo-me da tristeza e da dor,

Que me torna um templo obscuro.

Já freqüentei círculos da morte,

Em prol daqueles que pereciam;

Causei muitas variações na sorte,

Acudi os que em lamúria ardiam.

Já chorei por meus difamadores,

Enquanto procurava socorrê-los;

Por eles já agüentei muitas dores,

Para do finar em fogo guardá-los.

Mas de nada me aproveitaria,

Se em tudo não existisse amor;

Pois quem é o que se alegraria,

Exercendo com apatia ou dor?

Lírio Noturno
Enviado por Lírio Noturno em 23/03/2006
Reeditado em 30/07/2006
Código do texto: T127121