CONFESSO

Em um ato público,

Numa demonstração direta,

Meus olhos confessam, explicitamente,

Caírem, ainda, de amores por ti.

Ao ocultar-me o que eu sinto,

Fico cativo do inconfessável.

Se os sentimentos, por ti, eu minto,

É porque a ti mente um ser lastimável.

No mais recôndito da alma,

Aflora vivo o que se apresentava morto,

Traio-me sem amargura ou desgosto,

Pois doce é o vacilo de quem não é amado, mas ama.

Grito e arranco de mim este mistério;

Por te amar, ando a descrer do medo,

Pois do medo, o amor é o remédio.

Por isso exponho, ao mundo, o meu segredo.