ODE AO AMOR VIRTUAL
Falamos de nós como de um sonho.
Contamos casos. Lembramos fatos.
Encurtamos o tempo e o espaço.
Envolvidos num amor de eras.
Desejos. Sorrisos. Esperas.
Paira sobre nós uma angústia melancólica
de buscas e renuncias.
Primaveras morrendo ignoradas.
Alegrias, conquistas, as mortes,
o amor perdido, as lágrimas, as lutas,
o desespero da vida se esvaindo.
Outonos. Invernos. A despedida.
E, em breve, em segredo, saudosos,
falaremos de nós - de nós! - como de quimeras.
Obs: homenagem ao poeta português Jorge de Sena
releitura do seu poema "Ode para o Futuro", com trechos do mesmo.