Te Recriei

Não podendo suportar mais

A dor da fria e triste solidão

Me pus de joelhos ao chão

Sentindo a falta que tu me faz

Resolvi te desenhar a mão

Num momento de satisfação

Prazeroso e fugaz...

Te fiz com amor de um cristo.

Trazias coroa ornada de flores

Onde primavam todas as cores

Quando esbocei os primeiros riscos

Que fizeram transparecer teu sorriso...

Teus cabelos tingi com o véu roubado

Da cabeleira da Noite. Tão bonitos!

Caprichei nos pormenores encantados

Exaltando tua inocente e pura beleza...

No lugar de teus olhos, pus duas estrelas...

Tudo em teu lugar, no mais alto pedestal..

Teu nariz fiz do mais refinado cristal...

Com meu sangue, teus lábios eu colori.

Com mil astros de chama fosforescente,

Criei os contornos dos seus dentes...

Deixei cair em novelos, tuas madeixas

Pelas delineadas e perfeitas orelhas...

Com as cores furtadas dos arco-íris

Tingi os pêlos de tuas espessas sobrancelhas...

De fundo um mundo todo azul borbulhando

Seres magníficos e completamente felizes...

A face e a tez foi de luz da lua pálida e prateada,

Tão e tanto que dava para ver as azuis veias...

O colo fiz da corola das flores encantadas...

O resto do corpo fiz de escamas das sereias...

Noites e noites perdi nessa minha confecção...

Aprendi com um poeta que tudo vale a pena.

Ganhei-te em pintura e esse novo poema.

Te trago e tenho-te mais próximos dos olhos

E dentro deste meu fatigado... Coração!

Gil Ferrys
Enviado por Gil Ferrys em 16/11/2008
Código do texto: T1286610