Assim é o Amor
O muito gostar não é a transcendência do Amor!
O muito gostar é lindo, infindo e de toda a cor...
Mas não tem a negação da razão que fere negro em dor!
Não é o Amor! Já que o Amor é mais que gostar: é Amar!
Não, não me falem da poesia que descreve o Amor!
Falem-me do fel e da azia que fenece e mata a flor!
Eis aí o Amor em tormento quando o ser tão amado
Foge-nos ao pendor do sentimento... vil... desejado!
O muito querer nada é ante a necessidade de viver!
E assim é o Amor: a premente necessidade de ser!
O Amor é o que nos distingue do corpo que dorme,
Vez que o Amor brilha sempre, e sempre nos consome!
É o Amor que faz o homem atingir a plena liberdade
Tão-somente quando a mulher o acaricia no cativeiro!
O Amor faz a flor se abrir, obscena, ao que a invade,
Aprisionando a parte que transcende o todo por inteiro!