Nau Dos Sonhos
No céu!...
Noite morna, mansa e macia
Longe, atrás dos montes verdes
Que mais parecem duras paredes
Espreguiça-se a lua nova argentina...
Sopra o vento entre as flores boninas...
Enquanto a aranhinha tece sua rede
A luz branca lunar vinda de tão longe
Transforma em fios de prata uma fonte
Donde todas as noites frias eu me embebia...
No mar!...
Singra a nau de meus quiméricos sonhos
As bravias e suntuosas vagas espumadas
Com balsâmicas vergéis e suaves virações
Que fazem das minhas mil velas côncavas
Raios infinitos e luminosos das imaginações
Mais sinceras, reais e sutis da pessoa amada...
Vai o vento levando meus leais sentimentos
Rumo a linha tênue do rubro e vasto horizonte
Levando a nau meus sonhos e pensamentos
Para um país utópico, novo e um tanto longe...
Vai nau! Leva-me para os doídos mares da vida!...
Cada porto, pontos de pratas pelas cruéis feridas
Afogadas num oceano de ninfas e de delícias!...