MINHA RAZÃO DE EXISTIR

Quando sozinho sem ti, deixo de ser eu,

para passar a ser uma coisa qualquer,

sem sentido algum, que me mostre uma

estrada limpa, por onde caminhar, meus

passos, abandonados ao silêncio citadino.

Perco-me na cidade, por entre esquinas e

ruelas, onde impera o verdete dos degraus,

como cotos amputados, para velhos e

jovens, que aí encontraram o seu refúgio,

e eu a minha dolorosa e tão inapta solidão.

Em minha mente, caminhando ao acaso,

apenas o teu belo rosto e sublime sorriso,

faz descer até mim o sol, deixando-me um

pouco de seu calor, fazendo, com que minha

vista, vá mais além, até ao rumor do bulício.

Em gesto natural, minhas mãos, buscam as

tuas, como é de costume, ao caminharmos,

de mãos dadas, em nossos passeios rituais,

sempre procurando a sombra das árvores,

vislumbrando o abundante mar, mais abaixo.

Lembro-me de, como, quando estás na praia,

sublime presença, à beira-mar, ficas a olhar o

horizonte, fascinada com o encontro do céu,

com o mar e, resolvendo caminhar um pouco,

te deleitas, vendo, das conchas, as mais belas.

Ah, mas, meu doce amor, senão fossem estas

recordações, o ter-te presente, sem nem

sequer estares em presença, junto a mim, não

imagino, quão lúgubre se tornaria a minha vida,

quando se faz silente, e, eu, pouco mais que nada?

E torno a passar pelo nosso jardim, que, de tão

bem cuidado, diz bem de nosso amor e empenho,

posto nele a cada instante, cheio de lindas flores,

que dão gosto ver crescer, quais setas apontadas

ao azul do céu e ao âmago, vivificante do rei sol.

Por isso te digo, quando sem ti, deixo de existir,

perco o norte e o caminho, de regresso a casa,

e meus versos fazem-se tristes, entre quatro

paredes, que esmurro, quase sem consciência,

ante esta inércia, espreitando um descuido meu.

Jorge Humberto

20/ 11/08

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 21/11/2008
Código do texto: T1295951
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.