Aberta, a porta da gaiola sempre esteve aberta,
Até que um dia me surpreendo,
Com a mais bela das canárias.
Fazendo dessa minha humilde gaiolinha, sua morada.
Sua plumagem. Linda e reluzente.
Seu mavioso canto, me encanta.

Meu despertar passou a ter mai vida
Cada manhã acordada com seu piar,
Desejando-me um lindo dia.
Permitindo encartar-me cada dia mais,
Com seu canto, sua alegria, seu belo porte.
Conversávamos horas a fio,
Entendíamos-nos como almas gêmeas.
Água fresca dos meus lábios, sempre buscava
Grãos de alpiste do meu amor, te alimentava,

A porta aberta da gaiola, continuava aberta.
Mas suas visitas se tornaram esporádicas.
Seus passeios mais distantes,
Seu retorno mais demorado.
Já não mais cantava alegremente,
Seu piar era vago e distante.

Na gaiola já sem portas.
Mantive água fresca e alpiste,
Ofereci doces frutas de carinho,
Adornei com flores sinceras do meu amor.
Mas em vão, via sempre vazia minha gaiolinha.

Sinto saudades do teu canto,
Do despertar ao teu lado,
Do teu piar durante meu dia,
Dos carinhos dados e recebidos,
Das confidências feitas, que só nós,
Numa cumplicidade fraterna, dividíamos.

Triste, olho a gaiola vazia.
Mantenho a porta aberta,
Rezando pelo teu regresso,
Torcendo para que possa estar sempre vazia,
Pois só você tem o direito a essa morada.

Amei uma canarinha linda,
Que talvez tenha encontrado outro jardim,
Um jardim mais florido e mais viçoso.
Aberta sempre esteve, e sempre estará,
Tua volta, espero ansioso.
Pronto para amá-la como sempre amei.
NEOQEAV.