Louco poeta

E só ele fazia loucuras de amor

E só ela o entendia, o escutava

E eles se amavam, e se amavam

Como nunca ninguém poderá se amar

Ele, preso por ser louco

Acorrentado, amordaçado, castigado

Ela, o visitava todas as noites

Passando-as em claro, o observando

Ele, escrevia, declamava e até chorava

Contos, poesias e lágrimas, de amor

Juras eternas, nas palavras mais belas

E olhares como nunca ninguém jamais dará

Ela, era a única que ainda o visitava

Não era parente, e nem tinha o conhecido ali

Ele dizia que nem a havia conhecido

Dizia que havia conhecido o amor

E nunca nada se repetia,

E toda a noite ele dizia,

E ele a amava e a agradecia,

Por ir lhe visitar, todos os dias

E nunca era uma rotina

E o amor entre eles só crescia

Ele preso, ela solta, os dois juntos

Nessa loucura de amar todo o dia

Pois havia a janela

Que não era grande, porém adiantava

E permitia o acesso dela à cela

E ninguém nunca desconfiava

E ela fora a cúmplice da prisão dele ali

Em uma noite que ele à ela declamava poesias, na rua

Quem viu tal cena não duvidou: louco

Ele, o Poeta, ela, a Lua