O poeta, o Menino e o picolé

Edson Gonçalves Ferreira

Acabei de chegar da sorveteria

Fui chupar um picolé com o Menino Jesus que me convidou

Todo mundo parou para olhar

Ele não estava de túnica

Seu Olhar brilhante, porém, O traiu

Agarrou as minhas mãos com suas mãozinhas pequeninas

E me disse que eu não devia deixá-Lo só

Tranquilizei-O e, depois, de mãos dadas, saímos da sorveteria

Ele contemplava cada vitrine decorada para o Natal

Viu um menino-jesus na manjedoura exposto

Perguntou-me se era mesmo o retrato dele em forma de escultura

Respondi que sim

Retrucou-me que nunca foi loiro, nem teve olhos azuis

Explicou-me sobre a sua ascendência judaica

Entendi que, geralmente, os judeus são morenos

Ele sorria da nossa ingenuidade

Perguntou-me o que eu achava do Natal

Respondi que era uma festa triste por um lado

Virou comércio, expliquei, e tem muita gente que nada ganha

E, assim, crianças ficam tristes e adultos também

Por outro lado, disse-Lhe que adorava o Natal

Porque eu me lembrava do nascimento Dele

Então, ficava feliz mesmo quando tenho que passar a data sozinho

Ele sorriu e me disse que eu nunca estou só

Deus está sempre contigo, Edson

Acenei com a cabeça, dizendo que concordava

Mas que Natal é triste, porque a gente lembra de quem partiu

O Menino largou da minha mão e saiu correndo

Rodopiou em volta de uma árvore

E, depois, deu um pulo nos meus braços

Quando eu me preparava para Lhe dar mais carinho

Ele desapareceu

Ficou só um perfume de rosas no ar

Só não sei quando ele volta

Mas meu coração é uma casa com a porta aberta

Pronta para o Amor entrar.

Divinópolis, 03.12.08

edson gonçalves ferreira
Enviado por edson gonçalves ferreira em 03/12/2008
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