Bola de gude

Edson Gonçalves Ferreira

Quase levei um tombo, ontem,

Quando entrei em casa, derrapei numa bolinha de gude

E, ao olhar, atentamente, vi o Menino brincando, sozinho

Deitado sobre um dos tapetes na sala, de bolinha de gude

Perguntei-Lhe se sabia que era intrometido

Entrara quando eu não estava

Apenas sorriu e disse que Ele sempre estava em toda parte

Fingi ignorar como se eu pudesse fazê-lo

Ele queria que eu brincasse com ele

Respondi que não tinha tempo

Tinha que corrigir provas, entrar no Recanto

Ele me olhou com Seus Olhos Pedintes

Então, eu me agachei e brinquei um pouco com Ele

Achei engraçado, porque cada bolinha parecia um planeta

Principalmente, quando estava nas mãos Dele

Interroguei-O sobre o problema da Natureza

Respondeu-me sem palavras, acariciando a bolinha mais azul

Pensei, então, nas nossas limitações

Bocejei e Ele me olhou, profundamente, atravessou meu coração

Entendi que Ele dizia que a minha missão ainda ia longe

Que eu devia multiplicar a minha capacidade de amar

Sendo cada vez mais amoroso com todos

Uma vez que, afinal de contas, estamos todos no jogo da vida

Só que as bolinhas de gude somos nós

E o nosso planeta no infinito do universo

Cores diferentes, mas todas rolando em direção a Ele

E, quando voltei dos meus pensamentos, Ele sumira.

Divinópolis, 13.12.08

edson gonçalves ferreira
Enviado por edson gonçalves ferreira em 12/12/2008
Reeditado em 12/12/2008
Código do texto: T1331797
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.