A tempestade que há em mim

Há ventos ruidosos soprando em mim,

como a tempestade em alto mar

que revira não só as ondas,

mas as vidas por sobre elas.

Sinto como se tua partida chovesse

na alma dores de um amor que

nunca foi meu, do

tempo que roubei apenas de ti.

Há nuvens gris pairando por

sobre o horizonte que não mais

vejo, porque o sol adormeceu

nas horas em que os amantes

teciam palavras no escuro

de um quarto agora vazio.

Mas a chuva também leva

as lágrimas que ainda verto

por ti,e com elas as

lembranças de outrora.

E tudo, sei, passará como o

próprio tempo, implacável na construção

da palavra que o verso

ergue no poema.

Preciso, ainda, maturar a semente

dorida que plantaste em meu

peito, para poder arrancá-la

do solo dantes fecundo.

É assim que as paixões são tecidas,

no fio tênue que separa a dor do

prazer, na linha nem sempre

reta da fantasia que se

contrapõe à crua realidade.

Tu ainda insistes em permanecer

em meus versos, sangrando entre

os dedos, rasgando a alma e

dilacerando a falta de teu corpo no meu.

Mas passarás, assim como a

tempestade que há em mim.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 21/12/2008
Código do texto: T1346757
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