Fazendo amor

Edson Gonçalves Ferreira

Estava agora mesmo, comendo macarrão

Uma delícia incrível inventada pelos orientais

Embora muita gente pense que é italiana

Comia sozinho até que o Menino chegou

Pegou uma colherzinha e beliscou também

Enquanto comia, às vezes, fazia um comentário

Disse-me que não entendia esse tal de Ano Novo

Tudo é novo todos os dias, poeta

Por exemplo, até esse macarrão que estamos comendo é novo

Retruquei: mas foi comprado ontem e pronto, só esquentei

E, então, respondeu-me é novo

Você deu uma nova vida para ele

Ontem, ele não tinha o sabor de Edson

Você colocou nele

Ficou tão gostoso

Fiquei pensativo, pensativo

Ele, o Menino, continuou

Todos os segundos, os minutos, as horas são novas

Vocês celebram o meu aniversário

Fico feliz

Toda celebração é fazer amor

Fazer amor é amar cada coisa que existe

Não é preciso ser gente, pode ser uma rosa ou uma estrela

Amar dói, poetinha, dói

A rosa é linda, mas tem espinho

A água que sacia, também afoga

É preciso dosar tudo na vida

Vocês falam muito de amor e Eu sou o Amor

Não se esqueçam disso quando estiverem amando

Agora, poetinha, vocês precisam aprender a celebrar o momento só

Cecília Meireles tinha razão

Ela cantava só porque o momento existia

Você vive cantando e amando até eu me espanto

Você tem que continuar a fazer isso, Pardal...

Ora - respondi -- eu faço isso, porque Você existe

Quando voltei meu olhar, Ele chupava um pedaço de macarrão

Com a boca mais boa do mundo

Como fazem as criancinhas divertidas

E desaparecia, que pena!

Divinópolis, 28.12.08

edson gonçalves ferreira
Enviado por edson gonçalves ferreira em 29/12/2008
Reeditado em 29/12/2008
Código do texto: T1357256
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