Verbos imperfeitos

Estou em você, nesse momento melífluo,

onde tudo se condensa no nada.

Sou você, no sentido que extrai de minha

serena e poética alma a

dor que passeia intranqüila pelo corpo.

Ando a passos lentos nesse apartamento

que guarda fragmentos de minha

vida obscura e secreta.

Cometi muitas loucuras no pouco

tempo que passei quase só, estando

inteiramente e nua, somente só.

Tenho a liberdade há tempos

desejada, mas não lugares onde

possa eu bater minhas asas feito

a borboleta que ainda sou no

contexto vivo da solidão que mora em mim.

Pergunto por onde vagueia a minha

alma de tão carregada de amores

imperfeitos, não as flores, apenas o

desejo incompleto que pulsa no

coração maduro e aflito.

Caio constantemente na rede que

se forma ao meu redor.

Tento mesclar a razão com a emotividade

que sobressai à margem de todas

as ilusões por mim vivida.

Observo que ainda tenho sonhos e

talvez pouco tempo para realizá-los.

Vejo que ainda não sou um terreno

morto, castigado pela seca e

pelas intempéries da vida e do amor.

Construo poemas na extensão

das lágrimas que sobreviveram

à desilusão incontida.

Escrevo linhas soltas que unem

as palavras e refletem dos olhos

mais do que o dia ou a noite.

Procuro, talvez, ainda, por você

em algum espaço perdido no tempo.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 31/12/2008
Código do texto: T1361193
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